The Beginning

Clover se sentiu ainda mais brava chegando até o garoto e dando um tapa ainda mais forte do que Trisha tinha dado.

- Olha não quero te ver dando em cima de mim nunca mais!!! Ouviu!? – Aquele foi a coisa mais brava que já fez, normalmente ela consegue controlar seus sentimentos, mas aquele garoto ruivo não merecia paciência.

Mesmo as garotas obviamente não quererem nada com ele, Dennis continuou insistindo. Aproximou-se mais de Elisa, ficando a poucos centímetros dela.

— É mesmo? Então, me diga... o que eu preciso fazer para conseguir uma garota como você, docinho? rs

Foi então que Clover lhe deu outro tapa. No mesmo instante, Dennis acabou com toda aquela pose de galã, encostando no lugar onde tinha sido atingido pela garota e se encolhendo no chão de forma dramática. Ele chorou baixinho, soluçando.

— O-Ouch... isso dói, sabia? — choramingou.

Clover vê o papel escrito “me chute” colado nas costas de Dennis e quase o chuta mesmo, mas consegue se controlar. Ela sai dali em silêncio, puxando Elisa junto com ela e indo pra longe do rapaz.

Após sua tentativa fracassada de se arranjar com alguma gatinha do grupo, Dennis decidiu dar um rolezinho por aí afim de encontrar outras gatinhas. Nem sequer se importou de ir tomar um banho e tirar a mistura gosmenta de cola e penas do corpo, ou o bilhete de "me chute" que Gary&Larry haviam colocado em suas costas. Depois de seu rápido passeio pelos chalés (e de levar muitos chutes na bunda, sabe-se lá porquê), o ruivo acabou avistando Elisa não muito longe.

Dennis correu até ela, o cabelo ainda cheio de penas grudadas ali. Apesar da dor nas nádegas, fez pose e sorriu para a garota.

— Ah, é você! Parece que nos encontramos de novo, hm? Deve ser nosso destino ficarmos juntinhos, hein? rsrs — disse, um tanto sonhador. — Está perdida? Quer companhia? rsrsrs

Dennis pareceu emocionado com o convite de Elisa. Ninguém nunca tinha o convidado para fazer nada.

— Isso é um encontro? — disse, sério, um sorrisinho sacana no rosto. Ele riu logo em seguida, tratando de se desculpar. Não queria que a garota voltasse atrás com seu convite, afinal. — Brincadeirinha. Ei, você viu um pessoal fazendo uma trilha à cavalo quando chegamos no acampamento? Sei que pode parecer meio estranho, mas... eu juro que vi que alguns cavalos tinham asas! Você não quer ir dar uma olhadinha nos estábulos e ver se eles tem cavalos alados?

Pelo jeito, Dennis não fazia ideia de que tais "cavalos alados" eram, na verdade, pégasos.

Dennis riu com o entusiasmo da garota.

— Pégasos?? Tipo, aquele cavalo do mito lá e pá? — ele deu um pulinho de animação. — Então o que estamos esperando?! Vamos nessa!!

O ruivo saiu correndo em disparada. Foi um pouco difícil encontrar o estábulo, mas conseguiu chegar no lugar pedindo informações pelo caminho.

Os estábulos eram bem grandes. O cheiro de cavalo e feno era forte e podia ser sentido à alguns metros de distância já. Lá dentro, algumas crianças de cabelos castanhos tratavam dos cavalos, dando-lhes comida e água fresca.
Como Dennis havia dito, alguns cavalos eram mesmo alados. De repente, um dos pégasos relinchou, esticando suas asas. Nisso, o ruivo gritou e foi correndo até o animal, bobo.

— Olha, olha!! É ele tem asas mesmo!! Haha~! Que daora!!

O pégaso se assustou, balançando a cabeça para os lados e batendo com os cascos no chão nervosamente. Uma voz ecoou no fundo da mente de Elisa:

Homem-galinha!! Homem-galinha!! AAH!!

Vendo que o ruivo estava assustando um dos animais, uma garotinha com uma coroa de flores na cabeça e olhos verdes apareceu. Tinha cabelos castanhos assim como a maioria das crianças ali nos estábulos.

— Calma, garota! Quietinha! — disse a menina, docemente, tentando acalmar o pégaso.

Como mágica, o animal se acalmou em um segundo. Olhava desconfiado para Dennis, como se o rapaz fosse devorá-lo.
A garotinha acariciou o pescoço do pégaso, olhando para Dennis e Elisa.

— Ah, olá! Vocês estão aqui para as aulas de montaria? Lari não me avisou que hoje teríamos aulas com novatos...

— Ah! Vocês chegaram hoje? Me chamo Cecilia Green, mas podem me chamar de Ceci! — ela deu um grande sorriso. — Sou a líder do chalé número 4, o chalé de Deméter. Sou a responsável pelas aulas de montaria de pégasos e, junto com meus meio-irmãos, cuido dos estábulos e dos animais. Bem, como vocês devem ser novatos, imagino que estejam hospedados no chalé 11, certo? Gary&Larry estão lhes dando muito trabalho?

— Aah, eles são caras legais!

Ceci riu docemente.

— Eles podem causar muitas confusões, mas são bons garotos. Tenham paciência com eles, certo? — pediu. Pelo jeito, Ceci e Gary&Larry se davam bem. — É uma pena que vocês não tenham vindo para as aulas de montaria, é muito divertido! Vocês iam adorar montar num pégaso!

Ceci continuava a acariciar o pégaso que Dennis havia assustado. Ela piscava, fitando Elisa de forma curiosa.

— Ah, e essa aqui é minha amiga Cupcake! Diga olá para eles, Cupcake!

O pégaso assentiu a cabeça, relinchando. Era um animal bem bonito e muito bem cuidado: seu pelo era cor de creme, assim como suas asas, e sua crina tinha algumas trancinhas e florzinhas. Seus olhos eram cor de mel e brilhantes.

— Sou Dennis! Prazer em conhecê-las!

— Prazer em conhecê-los! Bem, vocês tem que ver seus horários com Gary&Larry... Sabem, cada chalé possui seus próprios horários de treinos e atividades. Como vocês estão no chalé 11, vão participar das atividades com o chalé. Se bem que, como são novatos, provavelmente terão um horário especial para sua primeira aula de montaria... Vou falar com a Lari e combinar um horário só com vocês novatos, está bem?

Dennis assentiu a cabeça, já ansioso pelas aulas. Nunca havia montado num cavalo antes, imagine como seria montar num pégaso!!

— Bem, se quiserem, podem passar um tempo aqui e conversarem com os pégasos... Só tomem cuidado para não assustá-los, está bem? — ela sorriu. — A maioria dos pégasos são dóceis, mas mesmo assim, tomem certo cuidado com eles. Há alguns que possuem... um gênio mais difícil.

— Podemos tocar neles? E alimentá-los?

— Claro! Mas não os tirem dos estábulos, ok?

Dennis concordou. Voltou-se para Elisa, sorridente.

— Vamos, Elisa! Vamos dar uma olhadinha nos outros pégasos!!

Dennis seguiu andando, observando todos os animais dali. Os pégasos eram lindos e das mais variadas cores: pretos, brancos, marrons... Foi então que o rapaz avistou um pégaso diferente dos demais.
O pégaso em questão era branco, mas possuía manchas de cor amarelo queimado por toda a extensão de seu corpo. Suas asas brancas também eram pintadas de manchas, assim como sua crina, que era uma mistura de branco e amarelo queimado. A crina do pégaso era comprida e caía por cima de seus olhos. Parecia solitário e triste, bufando enquanto mantinha a cabeça baixa.

Dennis sentiu-se atraído pelo animal. Suas manchas amarelo queimado lembravam suas sardas. Ele seguiu até o pégaso, tentando acariciar seu focinho rosado. Quando fez isso, porém, o pégaso se agitou: relinchou nervosamente, batendo com o cascos no chão.

— A-Ah! Calminha! Juro que não vou tacar fogo em você...! Eu acho...

Aquilo deixou o pégaso ainda mais agitado. Ele cuspiu na cara do ruivo, que recuou.

— Eew... baba de pégaso...

Dennis encarou o animal. Ele relinchava animadamente, rindo da cara do humano. Dennis então foi até um caixote cheio de cenouras, tirando de lá uma cenoura bem apetitosa que mostrou para o pégaso. Abanou o legume na cara dele, conseguindo assim sua atenção.

— Ei, vamos começar de novo, está bem? Me chamo Dennis. Se você quiser ser meu amiguinho, eu lhe dou essa cenoura docinha e suculenta, ok?

O pégaso não desviava o olhar do legume, os olhos brilhando. Ele assentiu várias vezes, como se concordasse com o que o que o humano tinha dito.

— Bom pégaso!

Dennis esticou a mão na direção do animal, oferecendo a cenoura. O pégaso a engoliu numa só mordida, quase comendo a mão do ruivo junto. Aproveitando o momento de distração, Dennis acariciou a crina mesclada do pégaso, dando um sorrisinho.

— Você tem um nome, garoto?

O pégaso relinchou, balançando a cabeça para os lados.

— Hmm... Que tal Ronaldo?

O pégaso bufou, mordendo os cabelos ruivos de Dennis. Parecia irritado.

— Aai!! Qual é o problema?? Não gostou do nome Ronaldo? Que tal... Mickey?

O pégaso cuspiu os cabelos que tinha arrancado da cabeça do ruivo na cara dele.
Dennis não entendia qual era o problema do cavalo. Mickey era um nome legal!

— Okok... Que tal Macarrão? Michael Jackson? Neymar? AH! Miojo!!

O pégaso fuzilou o humano com um olhar. Parecia prestes a pular em cima de Dennis e pisoteá-lo até a morte.
Foi então que Dennis entendeu o verdadeiro motivo do pégaso não gostar de nenhum nome... Era uma garota!! Só tinha dito nomes masculinos até então...

— AAAH! Você é uma garota, é? Eu não imaginava!!

A égua pareceu revirar os olhos.

— Hmm... Que tal Doce de Leite? É um nome legal! Combina com a cor das suas manchas!

O animal pareceu pensar no nome. Por fim, relinchou alegremente, assentindo a cabeça. Aquele era um nome melhor que Neymar, pelo menos.
Dennis sorriu ao ver que sua nova amiga tinha gostado do nome.

— Boa garota! — ele acariciou a crina de Doce de Leite, entregando-lhe outra cenoura. — Vamos ser bons amigos, ok?

~

Dennis e Elisa passaram um bom tempo nos estábulos na companhia de seus mais novos amigos pégasos. Nem sequer perceberam o tempo passar; logo, já estava anoitecendo.

Haviam poucos filhos de Deméter nos estábulos agora. Ceci aproximou-se de Dennis e Elisa, sorridente.

— Ah! Parece que vocês fizeram novos amigos! Que ótimo!

Dennis deu um tapinha no topo da cabeça de Doce de Leite, bagunçando sua franja comprida.

— Ahãm! Doce de Leite e eu somos como... IRMÃOS, CARA!! Eu sinto isso! Fomos feitos um para o outro, não é, docinho?

Doce de Leite relinchou alegremente, mordendo a mão de Dennis. Ele deu um gritinho, afastando a mão do pégaso.

Ceci riu baixinho, contente pelos dois.

— E você, Elisa? Conseguiu fazer amizade com um pégaso também?

Trisha havia entrado discretamente no estábulo, seguindo o grupo de novatos. Eram os únicos que conhecia ali, mas ainda não confiava neles e ainda não havia tido tanto contato. Ela franziu as sobrancelhas para os pégasos. Eram todos lindos, mas ela não sabia como se aproximar deles, tinha um pouco de medo das criaturas mágicas. Vendo que os outros estavam conseguindo numa boa, ela resolveu perguntar: - C-como vocês conseguiram fazer, bem, eles ficarem de boas com vocês?

Dennis abriu um largo sorriso ao encontrar Trisha ali.

— Eaí, meu bombonzinho! Eu já estava sentindo falta de você! <3

Doce de Leite encarou Trisha e bufou. Parecia enciumada.

— Ah, você é uma novata também? — perguntou Ceci, aproximando-se de Trisha. Ela sorriu amigavelmente, estendendo a mão para a outra garota num cumprimento. — Sou Cecilia Green, mas pode me chamar de Ceci! Sou líder do chalé 4 e responsável pelos estábulos. Infelizmente, já está na hora de irmos jantar, senão eu até deixava você falar com os pégasos... — Ceci suspirou, tristonha. — Talvez uma outra hora...?

Ceci baixou o olhar com a aparição de Simon. Não que tivesse medo ou não gostasse dele, pelo contrário. Era simpática com todos. Mas naquele momento, precisavam se apressar para não se atrasarem para o jantar. Gary&Larry acabariam se esquecendo dos quatro se Dennis, Elisa, Trisha e Simon não aparecessem logo no chalé 11, indo para o pavilhão sem eles.

— A-Ah, Simon... — Ceci ajeitou sua coroa de flores. Não queria parecer rude, mas não podia deixar que os novatos continuassem ali nos estábulos. — Eu sinto muito, Trisha, mas precisamos mesmo ir. Lari vai ficar furiosa se um de nós nos atrasarmos para o jantar! Prometo que deixo você falar com os pégasos outra hora, ok, Trisha? Eu te ensino a falar com eles direitinho... Aí você pode escolher um deles para ser sua montaria durante nossa aula de montaria à pégaso.

Dennis pigarreou. Ceci parecia um tanto... nervosa. Vendo que era melhor irem logo embora dali, o ruivo deu outro tapinha no topo da cabeça de Doce de Leite.

— Hã, tudo bem, Ceci... Nós já vamos indo, não é? — voltou-se para Elisa, Trisha e o recém apresentado. Então, dirigiu-se para seu pégaso: — Até mais, docinho. Nos vemos, hã... amanhã?

Doce de Leite relinchou tristemente. Ceci deu um pequeno sorriso, mais aliviada.

— Adeus, Doce de Leite e Thea! Até amanhã, Cupcake! — ela acenou para os pégasos. Em seguida, tratou de trancar todo o lugar. — Eu vejo vocês no jantar, ok? Prazer em conhecê-los, Dennis, Elisa e Trisha! Espero que sejamos bons amigos! Tchau Simon!

Ceci deu um sorrisinho, saindo correndo para seu chalé.
O ruivo observou a garotinha ir embora, falando:

— Acho melhor nos apressarmos também... Não quero perder o jantar!

Dennis tratou de apressar o passo, indo em direção ao chalé 11. Uma fila já ia se formando na porta do chalé: Gary&Larry tentavam organizar o chalé todo, mas eles mesmos não eram pra lá de... muito organizados. Os gêmeos gritavam:

— FAÇAM FILA POR ORDEM DE TEMPO NO ACAMPAMENTO...!!

— MAIS VELHOS NA FRENTE... — disse um dos gêmeos.

— ...E MAIS NOVOS NO FINAL!! RÁPIDO...!! — gritou o outro.

— ...SENÃO VAMOS PERDER O JANTAR!! — ambos berraram, em uníssono.

O ruivo passou pela porta, atravessando o povão do chalé 11. Como estava no acampamento há menos de um dia, deveria ir para o fim da fila, junto com os demais novatos.

Clover tinha acabado de tomar banho e colocado suas roupas novas que havia ganhado, vendo que o chalé 11 estava fazendo fila para o jantar ela tratou de ir pro seu lugar no final da fila.

Simon solto um muxoxo de impaciência com a filha de Deméter, mas resolve não prolongar a situação e obedece deixando o estábulo e indo logo em direção à fila que se formava próxima ao chalé de Hermes. Trisha dá de ombros e vai na mesma direção, ocupando um lugar não muito longe de onde o filho de Melinoe - que deusa era essa mesmo? - estava.