por Hack Sáb Jan 02, 2016 5:00 pm
Enmei voltou-se na direção de Clover, franzindo o cenho. Tentou se fazer de desentendido, mas o sorrisinho meio sádico, meio debochado, não saía de seu rosto.
— Ué. Eu estou aqui pelo mesmo motivo que vocês. — disse, completamente tranquilo com a situação em mãos. Era como se a morte de Ceci não significasse nada para o indeterminado. — Curiosidade. Eu vi o raio caindo nessa direção, ent—
— O quê você está fazendo aqui??? — Mark rugiu, mais grave do que qualquer trovão daquela noite. Recuperado do choque de encontrar a colega sem vida, ele pegou seu martelo do chão, apertando seu cabo curto com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. — O QUE VOCÊ QUER AQUI?? HÃ!?
Ele deu um passo à frente e ergueu o martelo acima do ombro, ameaçador. Enmei — que havia se assustado com a reação do loiro — recuou um passo para trás, agitando as mãos na frente do seu corpo. Ele deu um risinho nervoso, sem levá-lo à sério.
— Olha—
— SAIA DA MINHA FRENTE!! Ou eu juro pelo rio Estige que vou arrebentar a sua cara de um jeito que nem vão reconhecer teu cadáver, filho da puta...!
Enmei encolheu-se de medo, dando um gritinho. Mark parecia fora de si. Não parecia uma boa ideia testar sua paciência, não agora.
Sem dizer uma só palavra, o garoto indeterminado foi embora dos estábulos, deixando o grupo de campistas às sós com os pégasos agitados e o corpo da líder de Deméter. Por um momento, o silêncio tomou conta do lugar, e só se pode ouvir o som da chuva torrencial e da respiração entrecortada de Mark.
Michelle abriu um dos olhos. Bufou ao ver que ninguém tinha ido socorrê-la e, afim de chamar atenção, se levantou e fingiu que iria desmaiar novamente.
— O-Oh! Céus...! M-Mas que tragédia e... Oh, Markzinho~! Eu... M-Me sinto fraca... Socorro!!
E se jogou para trás, esperando ser socorrida pelos braços fortinhos do filho de Hefesto. Mas Mark continuou imóvel, e Michelle caiu com tudo no chão, sujando a cara de... ugh. Aquilo era cocô de pégaso?!
Foi então que Larissa e Kathy entraram nos estábulos. Os três foram correndo em direção ao último estábulo, ao local onde todos se encontravam.
— MARK!!! — gritou a gordinha, a preocupação visível em seu rosto. — MARK! O quê...
Larissa parou ao lado do colega. O grito desesperado de Kathy cortou o ar.
— NÃÃÃO!!!!! NÃO!!! NÃO, NÃO, NÃO... — a loira de porte atlético jogou-se no chão imundo dos estábulos, arrastando-se até o corpo de Ceci. Por alguns segundos, ela hesitou em tocá-la. Mordeu o lábio inferior e tentou segurar o choro, mas não conseguiu.
Kathy soluçou. Puxou a amiga para perto de si, abraçando-a, aninhando seu corpo pequenino e frágil em seu colo. Então, sem conseguir mais se controlar, caiu em prantos.
— Não... Não você... — Kathy disse por entre as lágrimas, mexendo nos cabelos castanhos da outra garota. — Você... V-Você não merecia isso, Ceci... Você era boazinha demais... você não... n-não merecia...
A líder de Apolo deu um grito, frustrada. Frustrada por perder sua amiga, frustrada por alguém tão gentil ter sido morta daquela maneira.
Larissa deu um suspiro, os olhos enchendo-se de lágrimas. Dennis fitou o meio-irmão, preocupado.
Mark tremia intensamente. Ainda segurava seu martelo de bronze celestial com força, e Dennis podia jurar que ele iria soltar um grito e arrebentar a primeira coisa que encontrasse pela sua frente.
Ao invés disso, o que Mark fez foi soltar um espasmo. Suas pernas vacilaram e ele caiu de joelhos no chão.
Ele estava... chorando?!
Dennis ficou de queixo caído. Gaguejou, sem acreditar no que via. Era... estranho pensar que um cara alto e forte e durão como o irmão podia... chorar como uma criancinha.
— Mark... — Larissa agachou-se ao lado do loiro, compadecida.
Ela tocou o ombro do rapaz, afim de confortá-lo. Mark soltou um grunhido, cobrindo o rosto. Não queria que o vissem daquele jeito, mas não conseguia fazer as lágrimas pararem de cair.
Lembranças da morte de uma outra filha de Deméter vieram à tona.
— E-Eu... Eu falhei de novo... — o filho de Hefesto gemeu, frustrado. — De novo, Larissa... E-Eu... Eu não pude salvá-la... Eu não pude fazer nada... Q-Que nem... Clara...
Os murmúrios de Mark se misturaram aos soluços. Larissa o puxou para si, abraçando-o, afagando suas costas na tentativa de acalmá-lo.
— Não, Mark... Você não teve culpa. Não é sua culpa... — sussurrou a gordinha, olhando para o corpo de Ceci.
Mark nada disse. Ele encolheu-se e abraçou a filha de Dionísio, ainda em prantos.
No fundo, sabia que tinha sido sua culpa. E nada podia convencê-lo do contrário.