RPG AMS: A Ascenção do Tártaro

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    Roda à fogueira

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    Mensagem por Hack Sáb Jul 18, 2015 4:40 pm


    Nos últimos dias, o clima era de tensão em todo o Acampamento Meio-Sangue. Boatos iam e vinham sobre a misteriosa morte da segunda no comando do chalé de Atenas. As causas da morte, o motivo da execução, o culpado... Fosse em qual lugar, fosse em qual atividade, era sempre possível pegar alguém comentando sobre o acidente.

    — Eu ouvi dizer que Alicia foi morta por um escorpião do tamanho de um pégaso! — Comentou um garoto, guardando seu arco.

    — Um escorpião?? Não! Foi uma aranha que matou ela! — Bufou sua meio-irmã, catando flechas do chão.

    Um terceiro campista aproximou-se dos outros dois, querendo ciscar informações.

    — Vocês estão malucos? Não acham que alguém teria visto um bicho desse tamanho passeando aí pelo acampamento...? Não! Eu tenho certeza que foi um outro campista que matou Alicia...

    — Outro campista?? Eu duvido! Acho mais fácil acreditar que alguém convidou um monstro de fora para atacar Alicia...

    — Eu ouvi dizer que Nelson tava putaço pela derrota no caça... Se um campista matou ela, só pode ter sido o Nelson! — Comentou um, baixinho. — Basta olhar pra cara daquele guri! Ele é pior que o próprio capeta!!

    — Querem saber o que eu acho? Acho que isso tudo não passa de uma das pegadinhas de Gary&Larry!! Foi uma pegadinha bem planejada, admito; eu gostei do teatro todo que fizeram para queimar a “””mortalha””” de Alicia, mas olha só... Ninguém viu o corpo de Alicia. Aposto que ela deve estar escondida por aí, ou que deve ter voltado pra casa. De qualquer forma, ela era uma péssima líder!! Nem os próprios campistas de Atena gostavam dela...!

    Dennis foi tirado de seus devaneios com um grito do segundo em comando no chalé de Apolo, o responsável pela atividade de Arco-e-Flecha.

    — VAMOS DENNIS!! É PRA HOJE!!

    O garoto sardento desviou o olhar dos outros campistas, ainda pensativo. ”Como podiam falar aquelas coisas... falar aquelas coisas horríveis sobre Alicia...?” Memórias do dia em que encontrou o corpo da garota em seu chalé vieram à tona. Todo aquele sangue... a face de desespero, de dor de Alicia... Aquela cena horrível de um filme de terror não saía de sua cabeça de maneira alguma. Atormentava seus dias, e à noite, atormentava seus sonhos.
    Os olhos de Dennis se encheram de lágrimas. Com as mãos trêmulas, ele segurou seu arco com força, levantando o olhar e mirando no alvo. Um cheiro de queimado começou a sair da arma.

    E então, “VUUPT”.

    A flecha do filho de Hefesto saiu voando, mudou de direção e alojou-se aos pés do garoto de Apolo, que por pouco não teve o pé furado. Então, a flecha explodiu, lançando o mesmo pelos ares.

    Os outros campistas que estavam treinando com Dennis encararam a cena perplexos. Alguns deram risadinhas; outros continuaram assustados. O ruivo realizou um facepalm, ouvindo o grito desesperado do seu treinador:

    — DENNISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!!!

    E suspirou, deixando o arco meio queimado no chão, fugindo correndo para seu chalé.

    XXX

    O chalé de Hefesto estava vazio, como sempre. Mark e Thiago estavam trabalhando nas forjas, como sempre.

    Dennis foi até sua cama, tirou os all-star e pulou para cima do colchão, afundando a cara no travesseiro. Ele franziu o cenho ao ouvir o barulho de papel sendo amassado, virando-se para o canto da cama.

    Tinha deitado em cima de um envelope azul-celeste (que agora estava todo amassado, mas né). Um adesivo prateado em forma de estrela mantinha a carta fechada. Não havia remetente, apenas o nome do recipiente:

    “Para Dennis, chalé 9.”

    Curioso, o ruivo não pode evitar de abrir a carta. Rasgou o envelope e o adesivo, lendo ligeiro o conteúdo da mesma.

    Em letras cursivas e bonitas, escritas num papel preto com canetinha prateada, estava escrito:

    “Olá, novato. Parabéns por ter sobrevivido às primeiras semanas no Acampamento Meio-Sangue... Para comemorar esse grande feitio, estou organizando uma roda à fogueira, com direito à marshmallows, refrigerante, salgadinhos e doces, além de histórias de terror. Você não está interessado em ouvir as histórias que rondam o Acampamento que não contam para você, por acaso...?

    Apareça na entrada da Floresta, hoje, às 19hrs. Sozinho. Não conte isso para ninguém mais. Nem mesmo para seus líderes.

    Estarei aguardando ansiosamente por sua chegada...”

    Dennis olhou para os lados, com medo de estar sendo observado. Ele então deu um sorrisinho, enfiando a carta dentro do bolso da calça.

    Aquilo parecia divertido... Seria bom distrair um pouco a cabeça e esquecer sobre Alicia nem que fosse por uma noite...

    xxx

    Podem fazer como foram os últimos dias dos seus personagens, como foi após a caça à bandeira e a reação dos seus personagens aos boatos sobre a morte de Alicia. Vale lembrar que a história de como Alicia morreu foi toda modificada tanto pelos líderes quanto pela boca dos próprios campistas, então não se tem nada certo sobre a morte da filha de Atena. Muita gente nem sequer comenta sobre isso (especialmente os líderes de cada chalé), e outra coisa a se notar é que ninguém do chalé 6 quis tomar a posição de Gill ou de Alicia com medo de uma "maldição".
    Depois, façam seus personagens novatos receberem esse convite misterioso para uma noite ao redor da fogueira. Eles não podem contar para ninguém sobre a carta, muito menos para os veteranos! Por algum motivo (seja pela curiosidade, pela vontade de comer besteira ou só para curtir uma noite) eles vão querer ir até a Floresta e participar do evento.
    Postem aí rapidinho os seus personagens tomando a decisão e então irei seguir e fazer eles chegando na entrada da Floresta!


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    Mensagem por Bivi Sáb Jul 18, 2015 5:51 pm

    Os últimos dias haviam sido um tanto desconfortáveis para Elisa. Desde o dia em que Alicia morreu, a garota estava com medo. Medo por algo tão horrendo ter acontecido logo no Acampamento e receosa a respeito da segurança do local. Entretanto, se recusava a acreditar que outro campista havia matado a filha de Atena.

    Não era possível que um semideus chegasse ao ponto de matar um dos seus companheiros.

    Mesmo sem saber se as histórias eram verdadeiras, o menor comentário referente à morte de Alicia era o suficiente para arrepiar Elisa.

    Depois de um dia cansativo, a garota entrou no chalé de Hermes e se dirigiu até a sua cama. Como de costume, o local estava uma bagunça. Filhos de Hermes corriam pelo espaço e faziam pegadinhas uns com os outros. Elisa procurava ignorar os burburinhos relacionados a Alicia.

    Logo que se aproximou de sua cama,  foi possível ver um envelope azul-celeste acima de seu travesseiro. A indeterminada fitou a carta e então olhou para os lados, apostando que fosse algum tipo de pegadinha. Estranhamente, os seus colegas de chalé estavam ocupados fazendo outras coisas.

    Elisa então pegou o envelope.

    "Para Elisa, chalé 11."

    Curiosa, a garota abriu a carta e leu o seu conteúdo. Estava convidada para uma espécie de festa na fogueira. Por mais que o texto parecesse um tanto conspiratório, talvez fosse uma boa maneira de se distrair...
    Elisa suspirou e guardou o envelope. No fim das contas, acabaria comparecendo ao evento.
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    Mensagem por Cah Sáb Jul 18, 2015 8:31 pm

    — Ei, será que alguma de vocês poderia me ajudar?

    Duas campistas que passavam em frente ao chalé de Hermes pararam e olharam para baixo para encontrarem um menino sentado com um estojo de plástico branco em mãos. Ele fazia força para abrir o estojo mas o fecho não parecia querer ceder.

    — Eu não consigo abrir isso aqui —O menino tentou abrir mais algumas vezes até que desistiu e ofereceu para uma  das campistas. — Preciso pegar minha escova de dentes, mas acho que a caixa tá com defeito.

    Uma delas pegou a caixa e olhou para a amiga, depois voltou seu olhar para o menino.

    —É só levantar isso aqui? —  A garota perguntou segurando o fecho.

    —Aham. Mas tudo bem se você não conseguir! Pode estar emperrado mesmo, não sei...

    As campistas riram do jeito do menino. E não podendo negar um pedido tão simples, a que segurava o estojo disse:  

    —Deixa eu ver se está assim tão difícil como... Hum, ué...?

    A caixa se abriu  com um clique. E o que estava lá dentro rapidamente tentou escapar, subindo pelos dedos da campista que deu um grito de terror e jogou a caixa para cima.

    —T-T-T-Tira esse bicho de mim! Socorroo!

    A amiga tentava inutilmente tirar o inseto que já subia pela roupa da garota. Quando se virou para gritar com o menino, ele não estava mais lá.



    Ryan já se encontrava dentro de seu chalé, sentado em uma das camas bem ao fundo. Ainda ria da cara de espanto que a garota tinha feito e do desespero da outra por não saber o que fazer, mas tratou de fingir que nada tinha acontecido para não dar muito na cara.

    Incrivelmente, era assim que o garoto tinha passado os últimos dias.

    Não que Ryan não tivesse se incomodado com o acontecimento mais falado no acampamento. Pensar que um assassinato tinha ocorrido dentro do lugar era algo bem macabro. Recentemente, era impossível não encontrar alguém conversando sobre o assunto. O garoto já tinha ouvido tantas versões que ele já não sabia dizer o que era verdade. Mas, como todos aqueles cochichos o irritavam, ele procurou evitar o assunto se preocupando com coisas mais divertidas como aperfeiçoar suas pegadinhas. Era fácil encontrar campistas distraídos ultimamente. E muito mais fácil era furtar algo deles. Só nos últimos três dias Ryan adicionou para sua coleção um óculos, jogos de cartas, um par de chinelos, duas caixinhas de chiclete, umas bolinhas de gude, alguns produtos de higiene e até mesmo um anel.

    O garoto examinava o conteúdo de sua bolsa, ora rindo baixinho com os “ganhos” daquele dia, ora frazindo o cenho pelas tralhas que, mesmo sem saber por que, pegava. Foi quando percebeu que havia algo em cima de eu saco de dormir. Parecia uma carta. Ao se levantar e tomar o papel em mãos, percebeu que estava endereçada para ele mesmo e, curioso, começou a ler. Se animou ao ler sobre a comida e o fato de não poder contar nada sobre aquilo o interessou. Poderia ser algum tipo de festa secreta? Mesmo sem chegar a uma resposta, Ryan enfiou o envelope em sua bolsa decidido a participar. E então voltou a se sentar na cama de algum de seu meio-irmão e continuou o que estava fazendo.


    Última edição por Cah em Sáb Jul 18, 2015 8:35 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Nate Sáb Jul 18, 2015 8:33 pm

    Os últimos dias tinham sido muito irritantes para Allen. Todas aquelas fofocas e os boatos sobre a morte de Alicia estavam o deixando com dor de cabeça, e o pior: como aquilo estava sendo falando em todo o Acampamento, o garoto não conseguia ficar em paz nem mesmo por um instante.

    Claro que a morte de uma pessoa tinha o deixado abalado. Mesmo que o rapaz nem conhecesse direito a vítima. Mas os dias em sua fazenda tinham o ensinado a ver esse tipo de evento em uma maneira mais simplificada. Afinal, não era raro algum conhecido seu falecer por exaustão ou até mesmo por uma doença que simplesmente não foi curada a tempo. Essa era a sua vida no campo.

    Ao chegar no chalé 11 ,após mais um descanso arruinado pelas fofocas, o jovem avistou um envelope com um adesivo em forma de estrela em cima de sua cama. Antes de abrir, Allen olhou ao seu redor a fim de verificar se o dono da carta ainda estava por perto, mas, ao ver que todos estavam ocupados demais fazendo bagunça, o jovem resolveu lê-la.

    O conteúdo da carta,já à principio, não parecia confiável. Por que o autor preferia que nenhum dos líderes dos chalés soubesse disso?

    Embora parecesse tão suspeito e cansativo sair à noite, Allen acabou por decidir ir à festa. Mais importante do que o evento em si, talvez poderia encontrar um pouco de tempo para ficar na floresta. Quem sabe não dormir em cima de uma árvore, assim como fazia quando era menor?
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    Mensagem por Caio Sáb Jul 18, 2015 10:32 pm

    No chalé 4 o clima estava tenso, os filhos de Deméter tentavam não tocar no assunto do momento, em consideração de sua líder. Mas era só sair do local que podia-se ouvir os boatos da morte de Alicia. A história havia sido tão modificada pelos campistas, que podia ouvir várias versões do acontecimento.

    Não importava quantas histórias diferentes Clover ouvia, continuava achando que era o líder do chalé de Ares. Ele havia sido tão humilhado no caça bandeiras pela Alicia, que provavelmente havia entrado num ataque de raiva. Tudo era possível vindo de Nelson.

    Porém Clover também não ia com a cara da vítima. A segunda no comando do chalé de Atena era toda orgulhosa e convencida, mandando em todo time azul como se fossem apenas peças de xadrez, e dizendo que a vitória era toda reponsabilidade dela; não ia com a cara de Alicia.

    Após um passeio no campo de morangos, a garota voltou para seu chalé. Ela logo deitaria na sua cama, mas havia um envelope de cor azul encima do travesseiro, destinada para a filha de Deméter. Curiosa, ela resolveu ler. A carta dizia que haveria uma festa ao redor da fogueira, com comida e refrigerante.

    Normalmente Clover iria ignorar o convite e continuar com suas atividades normais do acampamento, mas algo na carta à chamou atenção. Dizia que haveria refri na reunião, provavelmente coca-cola, não podia deixar passar a chance de beber uma lata. O refrigerante desejado pelo copo magico do acampamento não era nada parecido com o original.

    Assim decidiu ir na tal reunião na fogueira, guardou a carta no seu bolso, e decidiu sair escondida até a entrada da floresta.
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    Mensagem por Hack Dom Jul 19, 2015 4:27 am


    Próximo do horário indicado, Dennis despistou os meio-irmãos e foi sorrateiramente até a entrada da Floresta. A noite estava consideravelmente fria para uma noite de verão, e a lua estava encoberta por densas e estranhas nuvens negras, escurecendo a luz pálida da lua e dificultando a visão de qualquer um.

    Por um lado, aquilo era bom. Estava tão escuro que, com certeza, ninguém o pegaria escapulindo de seu chalé. Por outro lado, era difícil enxergar e, desajeitado como era, Dennis tropeçou duas ou três vezes no seu caminho até o local marcado.

    O garoto sardento parou na entrada para a Floresta, que àquela hora, parecia assustadora. Com a respiração entrecortada, ele afagou os braços finos e pintados de sardas, colocando o capuz do moletom na cabeça.


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    ... Estava começando a se arrepender de ter ido lá.

    Ao olhar para os lados, Dennis não encontrou ninguém. Nem sequer o misterioso remetente estava ali. Começando a ficar nervoso, mil perguntas passaram pela cabeça do filho de Hefesto... Será que estava na entrada certa, na Floresta certa? Será que tinha confundindo o horário...? E se tudo aquilo não passasse de uma pegadinha? E se... e se na verdade fosse a próxima vítima do assassino misterioso que rondava o Acampamento?!

    O ruivo começou a tremer. Não sabia se de medo, ou de frio, ou os dois, apenas torcendo para que aquela não fosse sua última noite...

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    Mensagem por Bivi Dom Jul 19, 2015 4:57 am

    Havia anoitecido no Acampamento. Foi um tanto difícil para Elisa conseguir se esgueirar para fora do seu chalé. Assim que teve a oportunidade, a garota saiu de lá e torceu para não ser vista por ninguém.

    Enquanto se dirigia ao local da suposta festa, certos pensamentos martelavam em sua cabeça. Por que deveria ir sozinha até lá? Elisa não se sentia bem guardando segredos. Por sorte, não precisou explicar para ninguém onde estava indo. Se isso acontecesse, provavelmente acabaria entregando tudo.

    Chegando na floresta, a garota estremeceu. Aquilo mais parecia um cenário de filme de terror do que qualquer outra coisa. Hesitante, ela tentou andar de maneira silenciosa para não atrair atenção (o que não funcionou pois ela pisou em vários galhos).

    Elisa olhava ao redor várias vezes, começando a ficar nervosa. Quando voltou seu olhar para a frente, a garota avistou alguém vestindo um capuz. Como estava escuro, era difícil reconhecer a pessoa que mais parecia um vulto.

    Ela não conteve um grito ao ver aquilo. Decidida a sair já da floresta, Elisa tentou sair correndo. Mais uma vez seu plano deu errado e ela tropeçou em alguma coisa, caindo no chão.

    Com a respiração acelerada, ela olhou na direção do vulto esperando que aquilo não fosse de fato um filme de terror.
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    Mensagem por Hack Dom Jul 19, 2015 5:15 am


    O som de passos cada vez mais altos tirou Dennis de seus devaneios.

    O ruivo gelou, prendendo a respiração. Seu corpo inteiro enrijeceu.

    Ele já tinha assistido filmes de terror o suficiente para saber que aquele era o momento em que o assassino o matava à facadas.

    Sem se virar, Dennis miou de forma inaudível a coisa mais óbvia à se miar numa situação daquelas:

    — Q-Q-Q-Q-Quemm está aí...?

    Porque claro que o assassino iria entregar sua identidade, genius.

    A resposta que recebeu foi um grito. Assustado, Dennis deu um pulo de mais de um metro de altura, dando um grito ainda mais alto e mais agudo que o primeiro. Ele caiu no chão, de costas, e sem parar de berrar, fechou os olhos com força e esperou pelo momento em que receberia o golpe rápido que tiraria sua vida.

    Pelo jeito, não havia percebido que o "assassino" era na verdade Elisa, continuando a gritar à plenos pulmões como uma mulherzinha.

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    Mensagem por Bivi Dom Jul 19, 2015 5:33 am

    Elisa piscou com a reação da pessoa encapuzada. Esperava que tudo acontecesse, exceto aquilo. Pelo jeito, aquele era outro campista que havia sido convidado para a festa. E esse campista estava tão assustado quanto ela, se não mais.

    A garota respirou fundo e se levantou, aproximando-se da pessoa que agora estava no chão. Olhando de perto, foi possível reconhecer Dennis.

    — ...Dennis? — Indagou, um tanto surpresa. — Sou eu, Elisa.
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    Mensagem por Hack Dom Jul 19, 2015 2:47 pm


    Demorou para que Dennis reconhecesse a voz da Elisa e se tocasse que não estava prestes a morrer. Seu gritinho foi diminuindo aos poucos enquanto ele abria os olhos lentamente, ainda um tanto temoroso.

    AAAaAAaaAAAAAAaaaa... Ah?

    O filho de Hefesto franziu o cenho, encarando a garota desacreditado. Não esperava encontrá-la ali, àquela hora da noite.

    — E-E-Elisa?!?! AH! É só você!! — Dennis deu um sorriso torto, mais aliviado. Mas não menos tenso. — Eu sabia que era você, haha! M-Mas o quê é que você tá fazendo aqui, hm? N-Não me diga que... VOCÊ É O ASSASSINO MISTERIOSO DO ACAMPAMENTO?!?!?!? P-POR FAVOR NÃO ME MATE, EU SOU BONITO DEMAIS PRA MORRER E E E... GAAAH!!

    Ele cobriu o rosto, tremendo sem parar. Realmente, não queria morrer naquela noite... ainda mais sem comer as besteiras prometidas no convite misterioso...! Seria muito triste morrer de barriga vazia...

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    Mensagem por Bivi Dom Jul 19, 2015 3:48 pm

    Elisa fitou Dennis um tanto incrédula. Ela cruzou os braços, incomodada com o comentário do ruivo. Não queria pensar que havia algum assassino por aí.

    — Eu só fui convidada para a festa na fogueira. — Murmurou, desviando o olhar. Sua voz se tornou ainda mais baixa. — Não sou uma assassina...
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    Mensagem por Hack Dom Jul 19, 2015 4:46 pm


    Dennis pareceu não notar a mágoa no tom de voz da garota. Ele se levantou do chão sem se importar em tirar a grama e a terra das roupas, pegando o envelope azul-celeste (que estava todo amassado e rasgado) de dentro do bolso .

    — AAH!! Quer dizer que você também foi convidada para a festa ao redor da fogueira, Elisa?? — O ruivo mostrou seu convite. — Você também recebeu uma carta que nem essa?? Quem você acha que enviou essas cartas, hm??

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    Mensagem por Bivi Dom Jul 19, 2015 4:53 pm

    Elisa assentiu com a pergunta de Dennis e também tirou o seu envelope do bolso.

    — É uma boa pergunta. Não faço ideia de quem enviou os convites... — Disse, pensativa. — Será que muitas pessoas foram convidadas?
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    Mensagem por Cah Dom Jul 19, 2015 5:06 pm

    Ryan levou um tempo para sair de eu chalé. Seja o que fosse o evento misterioso, ele preferia ser cauteloso e verificar primeiro se não era alguma brincadeira de mau gosto.

    Ao adentrar a floresta percebeu o quão sinistra estava aquela noite e começou a diminuir os passos. Já estava tomando cuidado para não fazer nenhum barulho que chamasse atenção, mas não conseguia encontrar qualquer alma viva por ali. Foi quando escutou gritos. Sentiu seu sangue gelar dentro das veias e, com o coração disparado, tratou de se esconder atrás da árvore mais próxima. Por um tempo, o garoto não soube o que fazer até que percebeu uma coisa. Aquele grito... não lhe era estranho. Criando coragem, Ryan espiou por trás da árvore e distinguiu dois vultos na escuridão. Após eles começarem a conversar, Ryan percebeu que se tratavam de dois campistas (e, com desgosto, descobriu que um deles era Dennis).

    O garoto não sabia que aquele convite também tinha sido endereçado aos outros. Interessado na conversa, ele continuou ali escondido, apenas escutando.
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    Mensagem por Caio Dom Jul 19, 2015 6:23 pm

    Próximo do horário indicado no convite, Clover saiu escondida de seu chalé, esperava que ninguém a encontrasse saindo para a floresta sem autorização de seus líderes. Assim, quando ninguém estava por perto ela decidiu ir ao local combinado. Estava tudo bem, ninguém havia a visto, ou pelo menos foi isso que ela pensou...

    — Ei ei Clover, aonde que tais indo ?

    A filha de Deméter se surpreende com a chegada de Liam, não esperava ser pega indo para a floresta, mas ainda bem que era o sátiro, ele certamente cairia em qualquer mentira da garota. Assim contou qualquer história para o Liam.

    — Oi Liam, eu só estava indo para o campo de morango.

    — Que legal! — O sátiro estava muito feliz em saber que Clover estava gostando do acampamento, mas acabou ficando preocupado com a garota. — É meio perigoso sair pelo acampamento de noite, ainda mais com que está acontecendo, não queres que eu vá com você?

    — Não não, vou ficar bem. — A filha de Deméter começa a movimentar as mãos de um lado para outro, não queria que Liam soubesse da reunião. — Não precisas se preocupar, podes descansar, você deve ter trabalhado muito hoje.

    Clover estava certa, Liam havia ficado o dia todo trabalhando nos campos de morangos e acalmando os campistas que nem teve tempo pra descansar; estava exausto.

    — Tens razão, vou dormir um pouco antes do jantar, vê se não se atrasa.

    — Ok, tchau.

    Assim os dois se separaram. Ao chegar à floresta, Clover percebeu o quão estranha estava a noite, com o céu coberto por nuvens, combinando com as sombras formadas pelas árvores aquilo parecia uma cena de filme de terror. A noite estava fria e Clover arrependeu-se de não trazer um casaco, assim fechando os braços, numa tentativa de se aquecer.

    Sem demora foi em busca da tal fogueira, porem não teve sucesso. Começou se sentir preocupada, ela estaria bem se não fosse o aviso de Liam. “Poderia estar aqui o assassino”, pensou.

    De repente ela ouve um grito de mulherzinha próximo de si. Assustada Clover resolve olhar ao seu redor, e acaba encontrando dois outros novatos, Dennis e Elisa. Não querendo ficar sozinha resolve se aproximar dos outros campistas.
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    Mensagem por Hack Seg Jul 20, 2015 3:45 pm



    Dennis acenou animadamente para Clover, também surpreso em encontrá-la ali.

    — Eaí, Clover!! Se você está aqui então quer dizer que também foi convidada para a festa, né? Hmm... será que só os novatos que receberam o convite, então? Onde é que tá o pirralho e aquele outro cara de cabelo branco...? Falando nisso, eu quero é saber onde é que tá o cara que mandou esses convite!! Já não tá na hora dele aparecer e—

    Antes que pudesse terminar sua frase, um vulto encapuzado surgiu do nada. Seu manto era tão escuro quanto a noite e parecia se fundir com a escuridão. Não era possível enxergar seu rosto, que estava coberto pelo capuz.



    Roda à fogueira 8dc86710


    — Ah, que bom que vieram todos... Ou quase todos. — Disse a figura, virando-se na direção do bosque. — Sigam-me...

    Sem dizer mais uma palavra e sem se apresentar, o estranho entrou floresta a dentro, sumindo nas trevas. Dennis engoliu em seco, pálido. Seu coração ainda batia à mil em seu peito, assustado com a súbita aparição da assombração.

    O ruivo olhou para os outros campistas, recuperando a voz:

    — V-V-Vamos...?

    E seguiu o vulto.

    Era difícil acompanhá-lo. Além de andar ligeiro, o misterioso parecia se fundir com as sombras das árvores; hora ou outra, ele sumia, reaparecendo à alguns metros de distância. A floresta estava estranhamente silenciosa e, sem nenhuma luz para iluminar o caminho, era difícil enxergar à mais de um palmo de distância.

    A respiração de Dennis estava acelerada. O filho de Hefesto olhava de um lado para o outro, temendo ser atacado por algum monstro.

    Quebrando o silêncio, Dennis aproximou-se de Clover, fazendo pose de machão. Deu um sorriso torto, falando numa voz sedutora:

    — Então gatinha... Se você estiver com medo, pode segurar na minha mão... — Dito isso, Dennis pegou na mão de Clover. — Pode até me abraçar, se quiser... Eu prometo que vou protegê-la de qualquer monstro e... GYAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!

    Uma mariposa voou na cara do ruivo que, assustado, pulou no colo da filha de Deméter, tremendo de medo.

    — MONSTROOOOOOOOOOOO!! CLOVER, RÁPIDO, ME PROTEJAAAAAAAAAAAA!! — Berrou ele, numa vozinha fina.

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    Mensagem por Bivi Seg Jul 20, 2015 3:51 pm

    Elisa engoliu em seco ao ver a pessoa encapuzada. Qual era a necessidade de todo aquele suspense? A garota suspirou e então seguiu andando com os demais campistas.
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    Mensagem por Caio Seg Jul 20, 2015 4:21 pm

    Clover sentiu-se aliviada ao ver que era realmente Dennis e Elisa, devolvendo para o garoto outro aceno de mão. Quando de repente apareceu um homem encapuzado, a garota nem percebeu o outro chegando, apesar de estarem na floresta.

    O vulto os guiou pela floresta, já como Dennis o seguiu, a garota resolveu fazer o mesmo, não queria ficar ali sozinha. Com a escuridão daquela noite era difícil distinguir o encapuçado das sombras das arvores. Já Dennis não era tão difícil assim, sempre fazendo barulho com os pés, e parecendo um cachorrinho assustado, tirando isso estava tudo em silencio, até o filho de Hefesto quebrar ele.

    A garota não acreditou na ousadia do outro, querendo se fazer de machão, sendo que ele estava mais assustado do que ela. Estava pronta para soltar a mão e dar uma bronca nele, mas o garoto subiu no seu colo berrando, por causa de uma simples mariposa.

    A filha de Deméter apenas o largou no chão e continuou seguindo o homem, ignorando Dennis.
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    Mensagem por Hack Sáb Jul 25, 2015 10:43 pm


    Dennis foi ao chão num estrondo, dando outro gritinho. Ele tratou de se erguer ligeiro, sem querer ser deixado para trás naquela floresta sombria...

    — O-Ouch... E-Ei!! N-Não me deixem para tráás!! — Implorou, enroscando os pés na raíz de uma árvore e caindo de cara no chão. — E-EIIII!!

    O encapuzado parou de repente numa clareira. Troncos de madeira estavam organizados em um círculo, mas não havia fogueira nem comida. Lá em cima, era possível ver o céu escuro e tempestuoso.

    — Mas onde é que tá o fogo?? E a comida? Eu quero comerr!! — Bufou Dennis, irritado de ter ido até ali só para saber que havia caído em algum tipo de pegadinha.

    No mesmo instante que disse aquilo, uma fogueira surgiu no centro da clareira, assustando o filho de Hefesto. Dennis escondeu-se atrás de Clover, observando as chamas bruxuleantes intensamente.



    Roda à fogueira Bonfir10


    O fogo serpenteava em diversas cores: azul, verde, púrpura... além do clássico amarelo e laranja.
    Sentindo-se atraído pelas labaredas coloridas, — assim como uma mariposa é atraída para a luz — Dennis agachou-se e aproximou-se perigosamente da fogueira, esticando a mão em direção ao fogo. Mas antes que pudesse tocá-lo, o estranho alertou:

    — Cuidado para não botar fogo na floresta inteira de novo, está ouvindo? — E riu.

    Dennis deu um gritinho, pulando para longe da fogueira. O fogo cresceu de repente, mudando para um intenso escarlate — a mesma cor do rosto ruborizado do garoto sardento.

    — E-E-EU NÃO VOU FAZER ISSO!!! — Gritou, lembrando-se do acidente.

    — Certo...

    A figura voltou-se na direção do pequeno grupo de novatos, realizando uma reverência consideravelmente exagerada — debochada, até.

    — Bem-vindos à roda à fogueira, novatos. Serei seu anfitrião essa noite... Espero que se divirtam.

    Olhos bicolores faiscaram por debaixo do capuz. Então, ele puxou o manto negro que cobria seu corpo, que sumiu de repente no ar.

    Reconhecendo o tal, Dennis deu um gritinho e apontou o dedo indicador de forma condenadora, incrivelmente irado:

    — É VOCÊ, SEU IMBECILLLL!!! GAAH! EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ É QUE TÁ POR TRÁS DISSO TUDOOO!!

    Enmei apenas sorriu, o olho azul brilhando como uma faísca.

    — Bom vê-lo outra vez, ruivo. Eu realmente pensei que você não sobreviveria ao Acampamento, mas olhe só; aí está você! Não tem nada interessante para nos contar, Dennis?

    O ruivo franziu os lábios, desviando o olhar e se calando. Enmei pareceu satisfeito com aquela resposta.

    — Enfim, sentem-se. Fiquem à vontade.

    O garoto indeterminado tirou do nada uma grande caixa térmica cheia de refrigerantes de todos os tipos, além de vários pacotes de salsichas, marshmallows, chocolates, bolachas e salgadinhos. Como ele havia conseguido tudo aquilo ou da onde tinha tirado aquilo, era um mistério.

    Ainda tenso, Dennis sentou-se próximo da fogueira. Sem baixar sua guarda, analisou todas as comidas disponíveis, sem saber o que comer primeiro. Realmente, o outro garoto havia caprichado para proporcionar uma boa noite de diversão para todos...

    O verdadeiro motivo para chama-los ali, porém...

    Enmei sentou-se num dos troncos, de frente para os novatos. Olhava-os com curiosidade, os estranhos olhos bicolores destacando-se na escuridão.

    — Então, como aproveitaram seus primeiros dias no Acampamento? — Ele começou, como quem não queria nada. — Imagino que, à essa hora, todos tenham sido determinados já, certo? O que acham dos seus novos chalés? E os líderes; eles estão lhe tratando bem...?

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    Mensagem por Caio Sáb Jul 25, 2015 11:35 pm

    Clover parou junto com o homem misterioso, havia troncos num formado de circulo, mas nenhuma fogueira. A garota foi pronta pra questionar o encapuçado, mas o filho de Hefesto foi mais rápido. E num toque de magica a fogueira se acendeu, havendo varias cores na chama.

    Ela ficou impressionada com o truque, mas diferente da garota, Dennis se escondeu atrás dela. Clover decidiu apenas fingir que não estava ali, fazendo uma cara de idiota.

    Roda à fogueira Kiyo_rape_face_by_da_auoravirus-d8qk3h8

    Junto com o garoto sardento, ela sentiu-se atraída pelas chamas, mas apenas sentou no tronco encarando as chamas. Até que o encapuzado retirou o mando revelando ser Enmei, ela não conhecia muito bem o anfitrião, mas com a reação de Dennis não podia esperar boa coisa.

    Ela ia perguntar qual seria a razão de chamar todos ali. porém o indeterminado retirou uma caixa térmica, e rapidamente encontrou uma lata de Coca-Cola, então antes de todos, ela se serviu com a bebida. Após seu longo gole Clover perguntou ao outro, ignorando as perguntas dele.

    — Por que nos chamou aqui? – mantendo um tom firme contra Enmei.
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    Mensagem por Bivi Sáb Jul 25, 2015 11:59 pm

    Elisa tratou de se manter próxima de Dennis e Clover enquanto os três seguiam o campista encapuzado. Ela observou a roda de troncos e o céu escuro com certo receio. Ainda estava um tanto hesitante em relação àquela festa, que até o momento estava mais assustadora do que o esperado.

    Quando a fogueira se acendeu, porém, a garota fitou as chamas e se aproximou depois de alguns segundos. O fogo brilhava em cores diferentes, atraindo a sua atenção. Era algo muito bonito.

    Assim que Enmei se revelou, Elisa direcionou o seu olhar para ele. Não o conhecia direito, mas pelo menos já havia visto a figura antes. Ela se sentou ao lado de Clover e pegou um pacote de marshmallows.

    — Os primeiros dias foram bons. Ainda não fui determinada, mas estou me acostumando no chalé de Hermes. — A loira abriu o pacote e pegou um dos doces, começando a comer lentamente. — Apesar de tudo, estou gostando daqui. — Disse, esboçando um sorriso amigável.
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    Mensagem por Hack Sáb Ago 01, 2015 10:36 pm


    Enmei fitou Elisa intensamente, curioso em ouvir o que a garota tinha a dizer. Parecia estar analisando o fundo da alma dela, sem desviar o olhar ou sequer piscar.

    O comentário de Dennis tirou o anfitrião de seu transe. O ruivo ainda estava desconfiado, duvidando das verdadeiras intenções de Enmei. Com um graveto, ele cutucou o pacote de salsichas, estreitando o olhar.

    — Isso aqui não tá envenenado né?

    Enmei sorriu.

    — Não. Não tenha medo... pode comer à vontade.

    O indeterminado riu, mas seu olhar era sombrio. Quase como se, talvez a comida estivesse mesmo envenenada.

    Dennis engoliu em seco, encarando o pacote. Como se as salsichas pudessem explodir a qualquer momento, o filho de Hefesto pegou o pacote com muito cuidado, abrindo-o e então colocando algumas salsichas no gravetinho, aproximando-o do fogo para tostá-las.

    Enmei limpou a garganta e ajeitou-se no tronco que estava sentado, sem pegar nada para comer ou beber. Se tinha se irritado com a pergunta ousada de Clover, não demostrou.

    — Certo, certo... Direta ao ponto, não é mesmo? — Ele deu um sorrisinho indiferente para a garota. — Pois muito bem. Eu os chamei aqui porque queria contar uma história a vocês. Não creio que vocês já tenham ouvido a história do filho de Zeus que chegou ao Acampamento, hm?

    Com a boca cheia de salsichas, Dennis disse:

    — Ah, Thalia? Já ouvi essa história. O pinheiro e tudo mais; Lari nos contou sobre ela.

    Enmei soltou um “tch.” quando mencionado o nome da filha de Dionísio, visivelmente incomodado. Rápido, ele tratou de disfarçar, seu semblante tornando-se indiferente.

    — Não. Não é sobre esse filho de Zeus que estou dizendo.

    Dennis quase se engasgou com a papa de salsicha que estava mastigando.

    — P-Pera, teve... teve outro ??

    — Sim. No último verão, inclusive... Existiu, sim, um outro filho de Zeus.

    O garoto sardento engoliu a salsicha com certa dificuldade.

    Existiu? Tipo... n-no passado? O q-que... aconteceu com ele...?

    A atmosfera na clareira tornou-se subitamente pesada. As nuvens negras lá em cima brilharam, relampejando. As chamas da fogueira diminuíram subitamente, o fogo tornando-se azul-gelo.

    O rosto de Enmei estava iluminado sombriamente pelas labaredas, seu olhar fixo em lugar nenhum.

    Mudando para um tom de voz mais sério, ele começou:


    “O final do século XIX foi marcado por uma terrível guerra, conhecida como A Primeira Guerra mundial. Mortais comuns não sabem, mas a guerra não passou de um conflito entre filhos de Hades de um lado, e filhos de Zeus e Poseidon de outro. A ambição de Hitler — que era um filho de Hades — quase destruiu a humanidade toda. Mas desde a antiguidade os filhos dos Três Grandes vem causando problemas... Poderosos demais. Perigosos demais...

    Ao fim da guerra, Zeus, Poseidon e Hades reuniram-se e fizeram um trato. O trato resumia-se na promessa de que nenhum dos três jamais tivessem outro filho com uma mortal, visto que esses semideuses só causavam discórdia e destruição. Juraram pelo Rio Estige que isso nunca mais aconteceria, mas... Todos nós conhecemos o senhor dos céus. Maus hábitos são difíceis de mudar. Ele envolveu-se com uma atriz famosa, que deu luz à Thalia. O fim que ela levou... vocês sabem. Caçada por monstros, perseguida por deuses... Ela morreu tentando proteger seus amigos e levá-los com segurança para o Acampamento. Apiedado, Zeus a transformou num pinheiro.

    Todos nós do Acampamento ficamos estupefatos ao descobrir a existência de um filho dos Três Grandes, visto que ela não deveria existir. Mas então, no verão passado... nós recebemos a visita de um outro filho dos Três Grandes. Outro filho de Zeus. Realmente, o senhor dos céus tem um certo probleminha de auto-controle...

    Gill Hamilton, o líder do chalé de Atena, havia recebido uma profecia do Oráculo há anos sobre a chegada de um filho dos Três Grandes no Acampamento. Thalia não chegou viva aos limites do Acampamento, então... ela não era a escolhida da Profecia. Nisso, o conselho decidiu enviar seus sátiros em busca do possível tal. O próprio Gill saiu nessa busca também, juntamente com um sátiro que eu sei que vocês conhecem... Aquele baixinho do Liam Stomp.

    Gill e Liam estavam trabalhando juntos e passaram por Nova Iorque, mas por causa da incompetência de Liam, eles deixaram escapar um filho dos Três Grandes. Sério, como é que um sátiro não consegue sentir o cheiro de um semideus desses...?? Enfim, o fato é que Gill e Liam fracassaram em encontrar esse semideus a tempo e levá-lo em segurança para o Acampamento. Mas, de alguma forma, ele chegou vivo ao Acampamento.

    O nome do filho de Zeus era... Timothy alguma-coisa. Um pirralho. Deveria ter nove, dez anos, no máximo. Ele nem sequer parecia um filho dos Três Grandes... Era um baixinho magricelo de olhos esbugalhados; parecia um ratinho assustado. Até hoje, eu não sei como ele sobreviveu tanto tempo lá fora... O corpo dele era cheio de cicatrizes horríveis. Cortes. Queimaduras. E seu rosto...”



    Enmei fez uma pausa dramática, cobrindo seu olho azul-gelo e o lado esquerdo do rosto com a mão em forma de garra.


    “Seu rosto tinha sido destruído.”



    Ele fez de conta que tinha arranhado o próprio rosto, dramático. Então, deu um sorriso psicopata que logo sumiu.


    “Provavelmente, um ataque de monstro. O lado esquerdo do rosto de Timothy parecia ter sido queimado por ácidos. A pele era avermelhada, delicada, enrugada e nojenta. Seu olho esquerdo era completamente branco-leitoso — sinal de que havia perdido a visão, e o canto dos seus lábios havia sido deformado ao ponto de parecer que estava sempre dando um sorrisinho doentio.

    ... Garoto estranho. Como eu disse antes, ele vivia olhando para todos os lados, desconfiado, assustado, como se um cão-infernal pudesse pular de trás de um arbusto e rasgar suas entranhas. Também falava sozinho. E tinha visões e alucinações. Um louco. Não conseguia fazer nada sozinho, e à noite, todos podiam ouvir gritos vindos do chalé 1. Gritos que ele dava durante seus pesadelos. Era um inferno.

    O pior de tudo era que ele era perseguido pelo azar. Sendo um filho dos Três Grandes, não só os monstros o perseguiam, mas também os deuses. A própria Hera, cansada da traição do marido, decidiu perseguir o garoto pessoalmente. Ela o amaldiçoou. Tudo que ele tocava, e todo lugar que ele ia, ele só causava destruição. Dizem que foi Hera a responsável pelas vozes na cabeça de Timothy e criadora das alucinações em sua mente. Que foi por causa dela que ele enlouqueceu e matou a própria mãe mortal.

    Não era diferente aqui no Acampamento... Desde que ele tinha chegado aqui, acidentes estranhos começaram a acontecer. Monstros nunca antes vistos apareceram na Floresta. Nuvens de chuva atravessaram as barreiras mágicas do Acampamento. Acidentes aconteciam durante treinamentos. Campistas sendo assassinados... Aonde quer que Timothy ia, a maldição o perseguia, e ele arruinava tudo.

    Mas o pior... o pior era que ele não podia se matar. Hera havia jogado um feitiço nele que o impedia de tirar sua própria vida. Então por mais que Timothy quisesse se suicidar, acabar com seu sofrimento e o sofrimento de outros, ele não conseguia. E aquilo apenas o deixava mais e mais louco.”



    — E o q-q-que... o q-que aconteceu c-com Timothy...? — Perguntou Dennis, num miado, suando frio. Não sabia se queria mesmo saber o final daquela história aterrorizante, mas...

    Enmei desviou o olhar intenso para o ruivo. E não disse nada.

    Ele apenas sorriu.

    — O que aconteceu com Timothy... Talvez Mark saiba responder. Ele era o responsável pelo garoto, afinal. Mas como sempre, Mark não fez um bom trabalho. Ele pode até ser bom em forjar armas, mas não é bom em ser babá dos outros... — O indeterminado deu de ombros. — Não sei porque colocaram Mark para cuidar de você e de Elisa. Só sei que, depois daquela noite, Timothy nunca mais foi visto. Seu corpo nunca foi encontrado. E Gill sumiu.

    Enmei então olhou para Elisa, um sorrisinho enigmático estampado no rosto. Seu olhar era tão intenso e cortante que parecia atravessar a garota.

    Como se soubesse de algo que não queria contar, seu olho azul faiscou.

    — E é por isso, Elisa, que não se deseja ser um filho dos Três Grandes.

    Naquele mesmo segundo, um monstro pulou para dentro da clareira, segurando a camiseta de Dennis e o erguendo, colocando-o de pé.

    — E-EEI!! IRMÃOZÃO, MAS O Q—

    Mark não respondeu. Estava com a cara franzida numa careta estranha, irado.

    — Levantem-se. Agora. — Ele rosnou aos novatos, soando bem assustador. Seu olhar se direcionou para Enmei. — Mas que merda que você tá fazendo aqui, hm??

    Enmei riu, não parecendo surpreso com a aparição do líder.

    — Oras, eu só estava contando algumas histórias de acampamento, nada demais... — E, despreocupado, deu de ombros, lançando um sorrisinho sarcástico ao loiro.

    As chamas da fogueira aumentaram, tornando-se vermelhas como o sangue. Mark aproximou-se do indeterminado e o ergueu no ar pela gola de sua blusa, aproximando seu rosto do rosto dele.

    — Cale a boca ou eu vou fazer você engolir seus dentes. — Grunhiu e, de tão próximo que estavam, acabou cuspindo na cara do outro rapaz.

    Enmei gemeu um “ew”. Mark o soltou, dando um empurrão no peito dele. O loiro o fuzilou por mais alguns segundos antes de voltar-se para os outros campistas.

    — Andem!! Direto para seus chalés! — Gritou, pondo os novatos para andar.

    Dennis deu um gritinho, assentindo a cabeça e colocando-se à caminhar. Não queria desafiar o meio-irmão, não quando ele parecia mais feroz que um cão-infernal. Não duvidava nada que Mark poderia soca-lo caso se recusasse a fazer o que havia mandado...

    — Fora de seus chalés, à essa hora... Eu deveria é deixar as harpias da limpeza comerem seus ossos. O que é que vocês tem na cabeça pra aceitar um convite desses, hein?? Seus cabeça-ocas. Vou colocar um pouco de senso em vocês, ah se vou... — Mark resmungou, dando um esporro. Andava atrás de todos, escoltando-os, bufando como um animal. — Vocês tão acabados, ah se estão. Principalmente você, Dennis. Vou ter o prazer de preparar uma punição adequada para quem decidiu desrespeitar a hora de recolher do seu líder do chalé e fugir no meio da noite pra ouvir história pra boi dormir daquele imbecil... Reze para que consiga andar depois da minha punição amanhã...

    — A-AH NÃO, IRMÃOZÃOO!! P-POR FAVOR, TENHA PIEDADE DE MIMM!! EU SÓ FUI PELA COMIDA, EU JURO!! EU NEM TAVA AFIM DE OUVIR AQUELA HISTÓRIA SOBRE ESSE TAL DE TIMOTHY E E E E E... POR FAVOR NÃO ME BATAA!!!

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    Mensagem por Bivi Dom Ago 02, 2015 12:06 am

    Elisa engoliu em seco assim que Enmei começou com as suas histórias. Sua fome havia desaparecido de repente, sendo substituída por náuseas. A garota largou o pacote de marshmallows e cruzou os braços. Como se a situação já não fosse desconfortável o suficiente, ela ainda tinha que lidar com o olhar fixo e perturbador do campista.

    Incomodada com o assunto, Elisa baixou o olhar. Era horrível imaginar a situação descrita por Enmei e o quão ruim era ser filho de um dos Três Grandes. Pensativa e ao mesmo tempo compadecida pelos filhos de Zeus, ela se manteve quieta até Mark surgir de repente.

    A aparição inusitada do loiro foi o suficiente para assustá-la. Rapidamente, Elisa se levantou e fitou o filho de Hefesto. Ele não parecia nada feliz.

    — E-eu posso explicar... — Disse, caminhando até que ficasse ao lado de Dennis. — Nós não sabíamos de nada disso. Quero dizer, nós só pensamos que seria uma festa como qualquer outra. Dennis não tem culpa. — Murmurou, tentando apaziguar a situação.
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    Mensagem por Hack Ter Ago 04, 2015 6:11 pm


    Mark ignorou os pedidos de desculpas, tirando o grupinho de dentro da Floresta e empurrando-os até a área comum dos chalés. Ele enxotou os novatos para seus devidos chalés, grunhindo uma ameaça tipo "amanhã de manhã vou ter uma conversa séria com seus líderes". Mas antes que Elisa entrasse no chalé 11, Mark segurou ela e o meio-irmão pelo pulso, arrastando-os para detrás do chalé 9.

    Dennis abafou um gritinho, tentando afastar a mãozarra do loiro. O aperto de Mark era tão forte que Dennis podia jurar que ele quebraria seu pulso.

    — Aiiii! — O ruivo choramingou ao sentir os ossos estalarem.

    Mark largou dos dois novatos, prendendo-os contra a parede do chalé de Hefesto. Ele fuzilou primeiro Dennis e depois Elisa, ainda carrancudo. O garoto sardento encolheu-se de medo, esperando levar uma surra.

    — O quê foi que ele disse para vocês, hmm?? — Questionou Mark, mantendo o tom de voz baixo. — O que que ele fez com vocês??

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    Mensagem por Bivi Ter Ago 04, 2015 6:21 pm

    Elisa gemeu de dor quando Mark a puxou. Assim que o loiro a soltou, ela afastou o braço dele e tocou o próprio pulso. Provavelmente aquilo se transformaria em um hematoma.

    — Ele não fez nada. — Disse, fitando o líder do chalé de Hefesto. — Enmei só contou algumas histórias, mas... Eu não sei se ele estava mentindo. Não aconteceu nada demais.
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    Mensagem por Hack Ter Ago 04, 2015 6:37 pm


    Quando Elisa começou a se explicar outra vez, Dennis a olhou e começou a assentir a cabeça várias vezes, concordando com tudo o que a garota dizia. Ele então voltou o olhar para o meio irmão, que suspirou profundamente e deslizou os dedos calejados pelos cabelos mal cuidados, visivelmente frustrado com algo.

    — Aquele filho duma... — Ele grunhiu, mordendo os dedos. Mais um sinal de que estava nervoso.

    Mark franziu o cenho, desconfiando da tal "história" que Enmei teria contado aos novatos. Com certo receio, o loiro perguntou:

    — E que história foi essa que ele contou, hm...?

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    Mensagem por Bivi Ter Ago 04, 2015 8:12 pm

    Elisa suspirou, percebendo o nervosismo em Mark. Ela se lembrou do comentário de Enmei a respeito de Timothy e o loiro. Certamente era um assunto delicado para ele.

    — Ele contou sobre os filhos de Zeus que passaram pelo Acampamento. E também sobre filhos dos Três Grandes em geral. Sobre como é triste ser um deles... — Disse, suspirando. — Foi basicamente isso...

    Elisa cruzou os braços e desviou o olhar para o chão. Não queria comentar a respeito do que Enmei falou sobre Mark, não naquele momento.
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    Mensagem por Hack Seg Ago 10, 2015 7:40 pm



    Mark estreitou o olhar, extremamente tenso.

    Assim como temia, Enmei havia abrido o bico.

    O líder manteve-se em silêncio por alguns segundos, incerto se perguntava mais, se perguntava os detalhes da história que o indeterminado havia contado. Ele baixou o olhar. Se Elisa e Dennis já sabiam de tudo, então não havia o que fazer. Mas caso não soubessem toda a história de Timothy... aí sim poderia acabar entregando tudo.

    O quê diabos Enmei estava planejando daquela vez...??

    Mark deu um longo e pesado suspiro, sem relaxar. Era melhor não se arriscar para não acabar se ferrando no final. Quanto mais tempo eles pudessem ficar na ignorância, melhor.

    — I-Irmãozão... — Começou Dennis, num miado. — É v-verdade que... Q-Q-Que você estava envolvido com Timothy...? Q-Que você era o responsável por ele quando... você sabe... Aquilo tudo aconteceu...?

    Mark olhou para o meio-irmão, indiferente.

    Um tanto temoroso, o ruivo continuou:

    — P-Por quê você foi escolhido para cuidar de mim e da Elisa? N-N-Não me diga que... há algo de errado com nós dois...? Há algo de errado comigo, irmãozão? — Ele perguntou, os olhos chorosos.

    — ...

    — ...

    — .......

    Mark enfiou as mãos nos bolsos, distraindo-se ao brincar com seu isqueiro. Após momentos constrangedores de quietude, o loiro disse, apenas:

    Vocês são problemáticos. O Conselho acha que vocês dois são perigosos, por isso, preciso ficar de olho em vocês. Caso...

    Mark soltou um "tch", mordendo a língua. Quase havia falado demais.

    "Caso precisem ser eliminados..."

    — Escutem aqui, eu não quero vocês dois se metendo em encrencas, tão ouvindo...? Eu já tenho problemas demais para cuidar. Também não quero vocês se metendo com gente da laia dele. Enmei é um bichinha covarde que gosta de causar confusão pelo Acampamento só pra ver o circo pegando fogo. Além disso, correm boatos que aquele olho estranho dele tem uma habilidade poderosa, então é melhor tomarem cuidado. — Explicou, alterando-se ao falar do indeterminado. Era óbvio que Mark não ia com a cara de Enmei. — Agora, direto pra cama. Vão!! Eu preciso dormir cedo para trabalhar amanhã, sabiam??

    O líder de Hefesto abanou as mãozorras, como que enxotando Elisa e Dennis. Sem esperar por nenhum dos dois, ele bufou e voltou para o chalé 9, soando um tanto decepcionado com os dois novatos.

    Dennis fungou, esfregando os olhos com a manga do moletom. Ele então fitou Elisa, parecendo prestes a cair no choro. Parecia um gatinho assustado.

    — É i-isso que somos para o irmãozão? Problemas? E-Eu... Eu não pedi para nascer com isso...

    O garoto sardento olhou para as próprias mãos, como se esperasse que elas implodissem em chamas. Mas nada aconteceu. Dennis apenas sentiu as bochechas queimando e o nariz escorrendo.

    — ... Até mais, Elisa. Melhor eu ir logo antes que o irmãozão fique ainda mais furioso comigo...

    Ele deu um breve suspiro, esboçando um sorrisinho torto que logo sumiu. Em seguida, Dennis seguiu para seu chalé, quase tropeçando nas próprias pernas ao apressar o passo.

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    Mensagem por Bivi Seg Ago 10, 2015 8:09 pm

    Elisa fitou Mark o tempo todo, analisando sua expressão. Queria mais do que qualquer um saber o que estava acontecendo de verdade, mas pelo visto continuaria sem respostas. Não saber de nada a deixava um tanto triste e frustrada ao mesmo tempo.

    A garota fitou Dennis ao ouvi-lo falar; era quase como se o ruivo tivesse lido a sua mente. Como quem se identificava com a pergunta, ela voltou o seu olhar para Mark em busca de uma resposta. Quando o loiro finalmente se pôs a falar, ela engoliu em seco.

    — Por quê...? Por quê nós somos perigosos? — Indagou, sua voz tomando a forma de um sussurro enquanto sentia os olhos marejarem. — Eu não entendo...

    Elisa fungou baixinho e sentiu algumas lágrimas escorrendo por seu rosto. Por quê insistiam em dizer que ela era perigosa? Ela mesma sabia que aquilo não era verdade. Apesar de tudo, parecia que os outros suspeitavam de algo sobre a sua pessoa. Pra variar, ela também não sabia do que se tratava.

    A indeterminada desviou o olhar e se virou de costas. Chorava em silêncio, secando as lágrimas com as costas da mão. Não queria mais causar problemas naquela noite.

    — Até mais, Dennis.

    Foi a última coisa que Elisa disse naquela noite. E então ela retornou para o seu chalé.

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